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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Arcadismo

Texto 1

Vamos falar agora um pouco sobre o Arcadismo, movimento de reação ao Barroco. O movimento literário do século XVIII desponta em meio a momentos marcantes da história mundial.

Frei Santa Rita Durão


Caramuru
Canto II

XVII
Não era assim nas aves fugitivas,
Que umas frechava no ar, e outras em laços
Com arte o caçador tomava vivas;
Uma, porém, nos líquidos espaços
Faz com a pluma as setas pouco ativas,
Deixando a lisa pena os golpes lassos.
Toma-a de mira Diogo e o ponto aguarda:
Dá-lhe um tiro e derruba-a com a espingarda.

Estando a turba longe de cuidá-lo,
Fica o bárbaro ao golpe estremecido
E cai por terra no tremendo abalo
Da chama do fracasso e do estampido;
Qual do hórrido trovão com raio e estalo
Algum junto a quem cai fica aturdido,
Tal Gupeva ficou, crendo formada
No arcabuz de Diogo uma trovoada.

Toda em terra prostrada, exclama e grita
A turba rude em mísero desmaio,
E faz o horror que estúpida repita
Tupã, Caramuru, temendo um raio.
Pretendem ter por Deus, quando o permita
O que estão vendo em pavoroso ensaio,
Entre horríveis trovões do márcio jogo,
Vomitar chamas e abrasar com fogo.

Desde esse dia, é fama que por nome
Do grão Caramuru foi celebrado
O forte Diogo; e que escutado dome
Este apelido o bárbaro espantado.
Indicava o Brasil no sobrenome,
Que era um dragão dos mares vomitado;
Nem de outra arte entre nós antiga idade
Tem Joce, Apolo e Marte por deidade.




ANÁLISE


A obra mais famosa de Santa Rita Durão data do ano de 1781 e se chama Caramuru, na verdade, esse é o nome dado ao português Diogo Álvares Correia e tem como principal cenário o descobrimento da Bahia. A obra começa ao contar a história do português Diogo Álvares, quando sua embarcação vinda da Europa naufraga e ele é o único sobrevivente que consegue chegar à costa, mais especificamente no local onde hoje fica o litoral baiano.

Com isso, Diogo Álvares encontra os índios Tupinambás e só ganha o respeito dos nativos após disparar com uma arma de fogo, como os índios não conheciam o armamento, tomam o português Diogo Álvares como uma entidade conhecida como Tupã e o fazem viver com eles com o nome de Caramuru.

Caramuru então passa a doutrinar os nativos brasileiros com a fé cristã e passa a ensinar bons modos aos índios. Isso acontece depois que Caramuru encontra uma gruta em forma de igreja e recebe isso como um sinal de doutrinação.

Paralelo a isso Santa Rita Durão também conta em seu livro que o português Diogo se apaixona por uma índia de nome Paraguaçu, no entanto, é importante destacar que, a índia pela qual o português se apaixona é uma índia branca.

Com o passar do tempo Caramuru passa a viver e catequizar os índios brasileiros até que outra embarcação naufraga e Caramuru salva sua tripulação. Os passageiros eram franceses e o português percebe que assim poderá voltar a sua terra natal depois que uma nau francesa chega para resgatar os seus nativos. Com isso Caramuru pega Paraguaçu e foge com ela para Portugal, sua partida, no entanto não é totalmente aceita, já que o português deixa para trás muitas índias que acabaram se apaixonando por ele durante seu tempo na tribo, sendo a mais conhecida delas Moema, uma selvagem que se atira ao mar e tenta alcançar a nau francesa para fugir com seu amado, mas que acaba morrendo antes de alcançar seu objetivo.

O português Diogo Álvares então chega ao seu país com a índia branca que acaba sendo batizada de Catarina, lá a coroa lusitana os festeja e os entrega as honras da realeza de Portugal.

Sobre a obra de Santa Rita Durão

A obra de Santa Rita Durão é o reflexo de um país catequizado e explorado pelos portugueses e sua obra ficou conhecida por mostrar ao mundo o bom selvagem, aqueles índios que não apresentavam resistência em ser doutrinados e aceitavam os costumes portugueses que lhe era imposto.

Caramuru foi escrita por Santa Rita Durão em versos camonianos, ou seja, no estilo de Camões, com 10 cantos, oitava rima camoniana, versos decassílabos, e fortes influências gregas. A obra ainda conta com a divisão epopeia com invocação, narração, epílogo, dedicatória e proposição.

O brasileiro Santa Rita Durão morreu em 1784 na cidade portuguesa de Lisboa. Além da obra Caramuru, de 1781, Santa Rita Durão já havia lançado Pro anmia studiorum instauratione oratio, em 1778, mas que não foi tão disseminada como Caramuru. Dizem, no entanto, que mesmo que sua obra tenha sido um tributo ao Brasil, sua recepção foi tão fria que Santa Rita Durão decidiu destruir o que restava de Caramuru.




Fonte: http://www.resumoescolar.com.br/literatura/caramuru-a-principal-obra-de-frei-santa-rita-durao/


Por: Fernanda Ferraz

5 comentários:

  1. Sem a análise eu não conseguiria entender a obra de Santa Rita Durão. Perfeitamente explicada desde o naufrágio da embarcação de Diogo Álvares até sua partida com a Índia, que mais tarde foi batizada de Catarina. Essa é uma história narrada no interior de uma tribo onde Diogo Álvares por causa de um tiro, ganha o respeito dos índios. Também caracterizado como uma entidade (Tupã), Diogo é denominado de Caramuru pelos indígenas que o fazem viver com eles.

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  2. Muito importante ressaltar as características deste período, fundamentais para o entendimento do texto: o culto à natureza, o bucolismo, o homem natural, o uso de palavras simples, a presença da mitologia, a simplicidade na forma e no conteúdo etc. Santa Rita Durão em sua obra Caramuru trata da colonização da Bahia no século XVI. O poema segue rigorosamente o modelo Camoniano, obedecendo as regras apresentadas em os Lusíadas: 10 cantos e estrofes de 8 versos. O Frei caracteriza-se em sua obra por ser o primeiro a abordar o habitante nativo do Brasil, também por apresentar uma descrição detalhada dos primórdios de nossa colonização. Não podemos nos esquecer que epopeia é um poema narrativo em que prevalece o maravilhoso, isto é a mistura de fatos reais e mitos, heróis e deuses. Para tanto, "Caramuru" é de extrema importância nacionalmente, pois está baseado na vida histórica do nosso país no tempo em que fomos colônia, sendo assim, o resultado de uma visão teocêntrica do nosso passado histórico.
    Por: Luiza Batista.

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    1. O poema épico 'Caramuru' que tem como assunto a história da Bahia e o retrato do desenvolvimento do Brasil nos primeiros momentos de vida. O herói é Diogo Álvares Correia, o Caramuru. A seu lado,aparecem alguns personagens indígenas, como Gupeva, Sergipe, Jararaca, Moema e Paraguaçu. A composição é de caráter informativo, constituindo-se num verdadeiro registro histórico através dos usos, costumes, crenças e temperamento dos selvagens brasileiros, que aparecem na exótica paisagem da natureza tropical. Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil.

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    2. O poema épico 'Caramuru' que tem como assunto a história da Bahia e o retrato do desenvolvimento do Brasil nos primeiros momentos de vida. O herói é Diogo Álvares Correia, o Caramuru. A seu lado,aparecem alguns personagens indígenas, como Gupeva, Sergipe, Jararaca, Moema e Paraguaçu. A composição é de caráter informativo, constituindo-se num verdadeiro registro histórico através dos usos, costumes, crenças e temperamento dos selvagens brasileiros, que aparecem na exótica paisagem da natureza tropical. Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil.

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  3. Muito bem, pessoal! Gostei bastante. Miguel e Ilara, vcs não vão participar?

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